terça-feira, 28 de junho de 2011

SURDEZ-BILINGUISMO & INCLUSÃO SOCIAL.


Dentre as muitas dificuldades enfrentadas pelo grupo social de surdos a primeira inicia-se dentro do próprio seio familiar. Principalmente se apenas um membro da família apresenta a deficiência.

É natural que os pais esperem que a criança ao nascer seja semelhante a eles, em outras palavras, não apresente especificidades. Quando estes recebem o diagnostico de que o novo membro da família é deficiente auditivo a reação será variável, abrangendo uma complexidade de sentimento e atitude.

Em algumas famílias, no inicio do processo de aceitação da surdez do filho/irmão há resistência quanto à inserção deste na sociedade. Contudo, a explicação mais plausível para esta atitude seja o desconhecimento de como agir e quais as estrutura disponíveis para ajuda-los diante desta nova realidade. Para que a socialização da criança surda ocorra de maneira tranquila os pais precisam estar bem informados, a fim de buscar os recursos disponíveis para esta adaptação. É fundamental que a família participe da vida desta criança. Trocando experiências, aceitando as diferenças, esforçando-se para tornar-se bilíngue (português-libras) e permitindo a inserção da mesma na sociedade, tanto de surdos como de ouvintes. Outra atitude de total relevância é ter a consciência de que a surdez não impossibilita a criança de desenvolver habilidades ,ser produtiva e competente; sendo assim capaz de tornar-se um cidadão ativo dentro da sociedade como um todo.
Segundo Jorge La Rosa “As primeiras aprendizagens dependem dos pais ou dos responsáveis pelo crescimento e pela progressiva independência da criança”.Com a criança surda não é diferente .Assim cabe aos pais com o auxilio de profissionais especializados como psicólogos, fonoaudiólogo,educadores,médicos e demais envolvidos inclui-las na sociedade majoritária de ouvintes, lutando contra a discriminação e o preconceito em busca de reconhecimento e direitos iguais.
Ainda citando La Rosa quanto ao processo de aprendizagem:
“Para compreender a modalidade da aprendizagem de cada sujeito é preciso conhecer suas experiências sociais, o universo linguístico no qual esta inserido. [...]As primeiras comunicações de afeto e confiança vão construir e preparar as aprendizagens futuras ,a aceitação das diferenças, a capacidade de simbolizar. A sustentação emocional dos pais ou cuidadores irá estabelecer os modelos linguísticos e os relacionamentos futuros com outras pessoas.

Pertencer e se sentir incluído num grupo é uma necessidade básica do ser humano. A família é o contexto natural para crescer, para promover a individualização. Aprender faz parte deste processo bem como a separação progressiva dos pais na construção de um saber próprio .Isto demanda amadurecimento psíquico e social, um certo grau de autonomia e coesão de identidade.”(pag.225).

Diante do texto acima é indispensável salientar a importância de permitir o acesso do surdo a instituições especificas, que permitam a estes a convivência com outros surdos e a aprender a Língua Brasileiras de Sinais(libras)como primeira língua e a Língua Portuguesa como segunda língua .Proporcionando assim o bilinguismo, que possibilitara a capacidade ao surdo de transitar e interagir em ambos os grupos sociais. Seja no grupo social de surdos ,seja no grupo de ouvinte. Tornando-se assim um cidadão atuante em nossa sociedade de ouvintes que também é a sociedade dos surdos.

Segundo Ferdinand Berthier (1803-1886), educador surdo, organizador intelectual e politico na França no século XIX: “o que importa a surdez da orelha, quando a mente ouve? A verdadeira surdez, a incurável surdez, é a da mente”.


REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Psicologia e Educação: O significado do aprender/
Jorge La Rosa (org.)-9ª edição-Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.


http://revistapandora.sites.uol.com.br/libras/agnes.htm
em 26/05/2001

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Bullying




"É possível classificar como "bullying" agressões verbais e físicas,assédio,ações desrespeitosas realizadas de maneira recorrente e intencional."(pag.40).Geralmente,o bullying é praticado contra pessoas que de alguma forma encontram-se em "desvantagem" de poder em relação ao agressor.
Embora o fenômeno não seja novo,só virou tema de estudo em 1989 quando o professor norueguês Dan Olweus realizou uma pesquisa com cerca de 84 mil estudantes.Entre os estudiosos brasileiros,com o objetivo de evitar equívocos em relação a aplicabilidade do termo,convencionou-se restringir o uso do mesmo somente ao âmbito escolar.
Não se deve rotular qualquer ação como bullying,cada caso necessita ser examinado com cuidado.
Contudo, especialistas apontam algumas características dos envolvidos nesta ação.O agressor com
frequência são indivíduos proveniente de famílias desestruturadas,com pouco relacionamento afetivo com uma pobre supervisão por parte dos pais e /ou responsáveis. Possuem ainda,um comportamento
agressivo e/ou explosivo.As vítimas,por sua vez,não possuem status no grupo,não são capazes de reagir ou cessar as atitudes que lhe causam danos,têm poucos amigos,são passivos e quietos.Já as testemunhas
são a maioria dos alunos,que se calam com medo de também se tornarem vítimas.
É DE FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA QUE OS PAIS,PROFESSORES E TODO O GRUPO DE PROFISSIONAIS NA ESCOLA ESTEJAM ATENTOS A ATOS COMO ESTE,AFIM DE EVITA-LOS E IMPEDI-LOS.ALÉM DE IMPLANTAR PROGRAMAS DE PREVENÇÃO.
As consequências do bullying pode prejudicar muito uma pessoa. Levando-a a apresentar patologias
tanto físicas como psicológicas, e que se não receberem a devida atenção, podem causar danos que se estenderam até a vida adulta.

Fonte de informação:

REVISTA PSIQUE:Ciência & Vida-Ano V-Edição 58-Outubro/2010

domingo, 26 de junho de 2011

A Psicologia Newtoniana


"A alma,ou mente,deve ser estudada por introspecção,o corpo,pelos métodos da ciência natural"(pág.156).Esta é a maneira que Descartes sugeriu para estudar os dois focos:corpo e mente.

Entretanto ,os psicólogos que advieram nos séculos posteriores adotaram ambos os métodos para o estudo da psique humana,assim criou-se as duas principais escolas de psicologia.Os estruturalistas que estudaram a mente através da introspecção e os behavioristas que centraram os estudos no comportamento,ignorando a existência pura e simples da mente.

Estas escolas surgiram na época em que o pensamento científico era dominado pelo modelo newtoniano de realidade.Assim as escolas de psicologia adotaram a física clássica, o que as levou a incorporar os conceitos básicos da mecânica newtoniana em sua estrutura teórica, ou seja, a divisão cartesiana.

Fator este que ainda provoca confusão acerca do papel e da natureza da mente, na medida em que se distingue das funções e natureza do cérebro.

Mesmo Freud, que usou uma teoria revolucionária para desenvolver a psicanálise, o método da livre associação, tinha seus conceitos básicos na natureza newtoniana.

As três principais correntes do pensamento psicológico, nas primeiras décadas do século
XX,duas acadêmicas e uma clínica, baseiam-se no paradigma cartesiano e em conceitos newtonianos de realidade.

"A psicologia moderna foi o resultado dos avanços em anatomia e fisiologia no século XIX. Estudos intensivos do cérebro e do sistema nervoso estabeleceram relações específicas entre funções mentais e estruturas cerebrais, esclareceram várias funções do sistema nervoso e proporcionaram um conhecimento detalhado da anatomia e da fisiologia dos órgãos sensoriais. Em consequência desses avanços, os engenhosos, mas simplistas modelos mecanicistas descritos por Descartes,La Mettrie e Hartley foram reformulados em termos modernos, e a orientação newtoniana
estabeleceu-se firmemente na psicologia.(pag.160)


-Referência Bibliográfica:

-CAPRA,Fritjof.O Ponto de Mutação,São Paulo-ed.Cultrix,2006.

As Três Ecologias


Em sua obra “As Três Ecologias”, Guattari logo de inicio introduz a idéia de ecosofia, termo que é a abordagem central da obra, e é o que ele traduz como sendo uma articulação ético-politica entre os três registros ecológicos (o do meio ambiente, o das relações sociais e o da subjetividade humana).
O autor nos leva a refletir o quão errado é a maneira como nos Homens estamos conduzindo a vida em nosso habitat. De modo geral, e até mesmo os grupos que se dizem ecológicos, vêem o planeta e tudo o que ele nos oferece, apenas como algo que ali esta para que possamos usufruir conforme nossos interesses. E o que é pior ainda, estamos levando este pensar as relações sociais e a nossa própria subjetividade humana, deteriorando o todo em favor da economia do lucro. Assim se faz necessário que todos nos tomemos consciência dos erros que estamos cometendo e da responsabilidade de cada um para que haja uma mudança nesta realidade. Uma reconstrução da realidade sem retroagir, mas sim olhando para o futuro.
Mais especificamente, a nos que trabalhamos ou trabalharemos com a psique do sujeito devemos ter (ou desenvolver) a capacidade de auxiliar este mesmo sujeito a entender e adaptar-se ao movimento da vida atual, porém de forma harmônica no que concerne ao ambiental, social e mental. Sugere ainda, o autor, que seja reorientado, os conceitos e praticas dos grandes mestres da psicologia e psiquiatria(Freud,por exemplo),sem desprezar seus legados,obviamente,com o intuito de respeitar a singularidade individual do sujeito.Sobre isto Felix Guattari diz:

“... disso decorrerá uma recomposição das práticas sociais e individuais que agrupo segundo três rubricas complementares-a ecologia social, a ecologia mental e a ecologia ambiental - sob a égide ético-estética de uma ecosofia.” (pg.23).

Outra visão bastante interessante que o autor nos trás é quando a necessidade de pensarmos “transversalmente”, ou seja, entendermos que nem um dos três ecossistemas sobrevive individualmente. Chamando-nos a atenção para o cuidado que devemos ter a não deixarmos o bom senso individual e comum em prol dos interesses capitalistas.
Em suma o recado de Feliz Guttari é:

“Não haverá verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em escala planetária e com a condição de que se opere uma autêntica revolução política, social e cultural reorientando os objetivos da produção de bens materiais e imateriais. Esta revolução deverá concernir, portanto, não só as relações de forças visíveis em grande escala, mas também aos domínios moleculares de sensibilidade, inteligência e de desejo. Uma finalidade de trabalho social regulada de maneira unívoca por uma economia de lucro e por relações de poder só pode, no momento, levar a dramáticos impasses...” (pg.09).
Cabe assim a cada um de nos enquanto sujeito, profissional da saúde mental e cidadão bebermos na fonte deste teórico e contribuirmos com o nosso quinhão na construção de uma “práxis ecosofica”.







Referência Bibliográfica:

-GUATTARI, Felix-As Três Ecologias; Tradução: Maria Cristina F.Bittencourt-6ºed.-Campinas,SP-Papirus,1997.

Vídeo: A Ilha das Flores

Vídeo: A História das Coisas